O projeto que estabelecia a separação entre homens e mulheres no sistema de transporte coletivo de Curitiba, através da criação de uma frota de ônibus rosas, foi adiado por 50 sessões. O pedido partiu do próprio autor da matéria, o vereador Rogério Campos (PSC), que alegou não estar “psicologicamente preparado” para discutir o conteúdo. Diversos movimentos sociais, como a Marcha Mundial de Mulheres, a União Brasileira das Mulheres, a Marcha das Vadias e o Levante Popular da Juventude, marcaram presença e, aos gritos de “segregação não!”, mostraram insatisfação com o projeto.

A vereadora Professora Josete, juntamente com outros vereadores, pediu que o projeto fosse votado hoje, mas a maioria do plenário decidiu pelo adiamento. “Apesar do projeto não ter sido retirado em definitivo, esse adiamento é uma vitória das mulheres. Todas as presentes aqui hoje deram seu recado. Não é separando homens e mulheres que resolveremos o problema. É uma cultura machista que precisa ser mudada, e isso se faz através de políticas públicas e punição a quem comete o assédio e a violência contra a mulher”, ponderou a vereadora.

Com o adiamento, o projeto deve voltar a pauta em novembro deste ano ainda. “Todas e todos que vieram aqui hoje para mostrar o posicionamento contrário a esse projeto devem ficar atentos para voltar aqui e continuar pressionando quando ele voltar à pauta”, lembrou Josete.

Além do conteúdo do projeto, outros vereadores apontaram a inconstitucionalidade do texto, uma vez que apenas o poder executivo pode definir a forma como é desenvolvido o transporte público na cidade. Mesmo assim, o projeto do ônibus rosa passou pelas comissões e chegou até o plenário da Câmara.

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